Amor,
poente sofrente do vento,
furacão de luar e sentimento.
Verão passageiro, direito ardor
fechado entre as miradas das árvores
no muito tópico Alentejo,
fervente oscilação das roxas pedras do outono.
É amor, mas só amor cálcico,
disseram-me uns olhos de ausência
ainda não preparados para o seu branco repouso,
cristã tão branca...
Évora,
lembrança dos mortos,
custódia das angústias.
Não te esqueças dos servos amados!
Algum dia sê — ô eu sê! — que os nossos ossos
serão a indiscutível relação das estruturas
infinitas numa pedra que foi viva!
E quando tudo tenha concluído,
quando as trompas tenham anunciado finais e terramotos,
nossos ossos, elos permanecerão.
E ossos serão, sim, mas ossos namorados!
17 de octubre de 2017